A dieta dos espermatozóides
Você é um homem que
não consegue ter filhos?
Talvez haja uma solução
Karina Pastore
Montagem com fotos de Eduardo Pozella
Os brócolis, ricos em ácido fólico, são um dos alimentos que, combinados com outros abundantes em zinco, como as ostras, elevam em mais de 70% a quantidade de espermatozóides
Foi publicado, na revista Fertility and Sterility (Fertilidade e Esterilidade), da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, o mais completo estudo já realizado sobre o impacto de suplementos alimentares na produção de espermatozóides. Pesquisadores holandeses descobriram que a combinação de ácido fólico, encontrado em alimentos como os brócolis e o espinafre, e zinco, presente sobretudo nas ostras, eleva a produção das células sexuais masculinas. Ao longo de 26 semanas, eles complementaram a dieta de 103 homens considerados inférteis com doses extras das duas substâncias. No fim, notaram um aumento de 74% no número de espermatozóides. "Essa descoberta abre um novo caminho para as pesquisas e os tratamentos da infertilidade", diz o ginecologista Eduardo Leme Alves da Motta, professor da Universidade Federal de São Paulo e diretor do Huntington Centro de Medicina Reprodutiva.
O processo funcionaria da seguinte forma: o zinco, um mineral que atua na síntese de DNA, a molécula responsável pela transmissão dos caracteres hereditários, também facilitaria a absorção de ácido fólico pelo organismo. E o ácido fólico, uma vitamina do complexo B, é fundamental para a multiplicação celular – incluindo, aí, os espermatozóides. A pesquisa conduzida na Holanda constatou um aumento na produção de células sexuais masculinas, mas não testou se elas eram boas ou ruins. Esse é um ponto importante: quando se trata de espermatozóides, quantidade e qualidade são indissociáveis. Pelos padrões da Organização Mundial de Saúde, o bom reprodutor apresenta mais de 20 milhões de espermatozóides por mililitro de sêmen. Deles, pelo menos a metade tem de se locomover em linha reta e 30% devem apresentar formas normais. Ou seja, de nada adianta dispor de uma montanha de espermatozóides, se eles não se mexem direito ou têm a cabeça chata demais. Por isso, o próximo passo da pesquisa é verificar se esses homens inférteis, submetidos a dietas mais ricas em zinco e ácido fólico, conseguem engravidar suas parceiras.
Não dá para negar, contudo, que a descoberta divulgada pela revista americana já serve de alento para os homens – oficialmente inférteis ou não. Volta e meia, surgem notícias sobre o declínio da função reprodutiva dos machos humanos. Em relação a seus antepassados, os homens de hoje produzem menos espermatozóides – e de pior qualidade. Culpa, segundo os especialistas, das circunstâncias da vida moderna (veja quadro abaixo). Dos 8 milhões de casais brasileiros com dificuldade de ter filhos, cerca de 2,5 milhões não têm bebê porque o homem apresenta problemas na quantidade ou na qualidade de espermatozóides. Dá-lhe brócolis e ostras.
Você é um homem que
não consegue ter filhos?
Talvez haja uma solução
Karina Pastore
Montagem com fotos de Eduardo Pozella
Foi publicado, na revista Fertility and Sterility (Fertilidade e Esterilidade), da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, o mais completo estudo já realizado sobre o impacto de suplementos alimentares na produção de espermatozóides. Pesquisadores holandeses descobriram que a combinação de ácido fólico, encontrado em alimentos como os brócolis e o espinafre, e zinco, presente sobretudo nas ostras, eleva a produção das células sexuais masculinas. Ao longo de 26 semanas, eles complementaram a dieta de 103 homens considerados inférteis com doses extras das duas substâncias. No fim, notaram um aumento de 74% no número de espermatozóides. "Essa descoberta abre um novo caminho para as pesquisas e os tratamentos da infertilidade", diz o ginecologista Eduardo Leme Alves da Motta, professor da Universidade Federal de São Paulo e diretor do Huntington Centro de Medicina Reprodutiva.
O processo funcionaria da seguinte forma: o zinco, um mineral que atua na síntese de DNA, a molécula responsável pela transmissão dos caracteres hereditários, também facilitaria a absorção de ácido fólico pelo organismo. E o ácido fólico, uma vitamina do complexo B, é fundamental para a multiplicação celular – incluindo, aí, os espermatozóides. A pesquisa conduzida na Holanda constatou um aumento na produção de células sexuais masculinas, mas não testou se elas eram boas ou ruins. Esse é um ponto importante: quando se trata de espermatozóides, quantidade e qualidade são indissociáveis. Pelos padrões da Organização Mundial de Saúde, o bom reprodutor apresenta mais de 20 milhões de espermatozóides por mililitro de sêmen. Deles, pelo menos a metade tem de se locomover em linha reta e 30% devem apresentar formas normais. Ou seja, de nada adianta dispor de uma montanha de espermatozóides, se eles não se mexem direito ou têm a cabeça chata demais. Por isso, o próximo passo da pesquisa é verificar se esses homens inférteis, submetidos a dietas mais ricas em zinco e ácido fólico, conseguem engravidar suas parceiras.
Não dá para negar, contudo, que a descoberta divulgada pela revista americana já serve de alento para os homens – oficialmente inférteis ou não. Volta e meia, surgem notícias sobre o declínio da função reprodutiva dos machos humanos. Em relação a seus antepassados, os homens de hoje produzem menos espermatozóides – e de pior qualidade. Culpa, segundo os especialistas, das circunstâncias da vida moderna (veja quadro abaixo). Dos 8 milhões de casais brasileiros com dificuldade de ter filhos, cerca de 2,5 milhões não têm bebê porque o homem apresenta problemas na quantidade ou na qualidade de espermatozóides. Dá-lhe brócolis e ostras.
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